Lugares que se vão- Por Alexandre Bento

Falar de restaurantes e locais dos quais frequentamos é sem dúvida algo que nos dá muito prazer aqui no nosso blog.
Mas o que faz com que cada um de nós se identifique com um lugar ?
Pode ser a comida, a arquitetura do lugar, os freqüentadores, o atendimento, o preço. Certamente para cada um de nós cada uma dessas características tem mais ou menos relevância.
Sempre gostei muito da Caverna do Ratão, pois praticamente me criei lá, era o buteco na esquina da minha casa, sempre teve um bolinho de bacalhau maravilhoso e desde que comecei a tomar chopp sabia que lá tinha um chopp da Brahma muito bem tirado e sempre na temperatura ideal.
Fiz a minha faculdade de arquitetura e sempre que podia dava uma passada por lá para uma descompressão as vezes sozinho, outras com algum vivente. Mas não era só o chopp ou as comidas que só lá eu encontrava que me atraiam naquele boteco. A aquitetura descompromissada, meio inspirada nos botecos cariocas talvez, as paredes revestidas de madeira tipo lambri, o mau humor do garçon, os velhos freqüentadores sentados no balcão era como se eu estivesse na casa de um amigo.
Foi então que chegou ao fim todo o meu encantamento com o bar ou o “Lugar” que acompanhou grande parte da minha vida de butequeiro, quase que da noite para o dia, tudo mudou lembra daquele revestimento de madeira nas paredes, pois é ganhou cerâmicas, o chopp não era mais Brahma agora é de uma marca concorrente e por sinal parece que tem água para completar o copo. A “velha guarda” que eu sempre encontrava por lá, não tinha mais ninguém (será que estão todos decepcionados como eu).
Acho que antes de uma mudança destas, os proprietário dos botecos, falo dos botecos tradicionais, devessem passar algum tipo de questionário para seus freqüentadores, perguntando com o que eles mais se identificam no lugar. Possivelmente desta forma perderíamos muito menos lugares de memória, lugares dos quais tanto nos identificamos.
Este post foi mais um desabafo!